As nações desunidas
As Nações Unidas não são mais do que aquilo que os Estados que as compõem desejam que elas sejam, e estes estão muito longe de se entender sobre níveis mais profundos de cooperação
Ainda as Nações Unidas não se tinham reunido pela primeira vez - em São Francisco, há 60 anos - e já alguns Estados reclamavam a sua reforma. O que quer dizer que as discussões sobre a necessidade de reformar as Nações Unidas são tão antigas como o organismo que hoje congrega 191 Estados e isso não impediu que entretanto ganhasse um protagonismo central na ordem internacional - só que nem sempre pelos bons motivos.Tal como a mal sucedida Liga das Nações, que a seguir à I Guerra Mundial procurou sem sucesso estabelecer um clima que impedisse o desencadeamento de novas tragédias, as Nações Unidas não têm sido especialmente eficazes na manutenção da paz. Enquanto as duas superpotências se enfrentaram, a paz global foi assegurada graças ao equilíbrio do terror nuclear e as guerras eram travadas localmente por interpostos agentes; neste tempo de uma única superpotência, a anunciada "nova ordem mundial" colapsou rapidamente e, se bem que sejam raros os conflitos entre Estados, têm sido numerosas e muito sangrentas as guerras civis. De resto, em 60 anos, as Nações Unidas autorizaram apenas por duas vezes acções armadas contra agressões externas (na Coreia e no Kuwait) e realizaram algumas intervenções de manutenção de paz, sendo contudo que fracassos como os da sua acção no início do conflito na ex-Jugoslávia, no genocídio do Ruanda ou em crises africanas como as vividas na Somália, no Darfur ou na endémica guerra que consome o Congo, pesam mais na balança do que sucessos como os do Camboja e de Timor-Leste.
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