Amigos se despediram do humorista no velório aberto ao público na manhã deste domingo (29). Motorista de Agildo contou que ele 'contou piada até o fim'. Ator morreu em casa na sexta-feira (28) em decorrência de problemas cardíacos.
O corpo do humorista Agildo Ribeiro foi cremado na tarde deste domingo
(29) no crematório do Rio de Janeiro, no Caju. O humorista começou a ser
velado pouco antes das 10h deste domingo (29) na Capela 1 do Memorial
do Carmo, na Zona Portuária do Rio.
Todos os amigos próximos que estiveram no velório enfatizaram o bom
humor e a irreverência como principais marcas da personalidade de Agildo
Ribeiro.
Por conta disso, todos tentavam afastar o clima de tristeza durante a
despedida do humorista. Foi o que destacou o ator e roteirista Claudio
Torres, que chegou a escrever para Agildo no programa Zorra Total.
‘Até no último momento ele contou piada’
O motorista Aécio Estrella, que trabalhou por mais de 40 anos Agildo
Ribeiro, contou que esteve com o humorista até a madrugada de sábado,
horas antes dele morrer
“Ele era muito animado, alegre. Ficamos batendo papo até 2h da manhã. Ele bebendo o uisquinho dele, na boa, muito bem. Antes de eu sair ainda contou uma piada. Quando a folguista me ligou chorando às 10h30, ele falei: ‘o Agildo morreu’", contou Aécio.
Estrella disse que o ator andava preocupado. Na última terça-feira ele
tinha feito os últimos exames para uma cirurgia que iria fazer no
coração na quarta-feira.
"Ele ia colocar um aparelho no coração. Mas era uma cirurgia simples.
Mesmo assim ele estava preocupado”, acrescentou o motorista e amigo.
Amigos relembram alegria e piadas
Viúvo desde 2009, quando morreu sua quinta esposa, Didi Barata Ribeiro, com quem foi casado por 35 anos, Agildo tinha apenas um filho e uma neta, que só descobriu aos 81 anos de idade.
"Mais do que um mestre, um amigo, perdi o tio Agildo. Cresci vendo ele e
meu pai trabalhando juntos. Até ele descobri que tinha um filho era eu
que fazia as vezes de filho dele. Toa a influência que eu tenho é dele e
do meu pai", disse o ator Lúcio Mauro Filho.
As famosas imitações
O apresentador Leleco Barbosa, filho de Chacrinha, lembrou que Agildo fez a melhor imitação do Velho Guerreiro.
"Vai deixar muita saudade, mas com certeza vai alegrar lá em cima. É um
apena ter nos deixado agora. O humor vai sentir muito a falta dele",
disse Leleco, que conviveu bastante com o humorista na casa de seu pai.
Vida e obra
Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho nasceu no Rio em 26 de abril de
1932. O pai dele participou das revoluções de 1930 e 1932 e da intentona
comunista. Agildo foi educado em colégio militar e chegou a trabalhar
como telefonista.
Agildo fez parcerias memoráveis com Paulo Silvino e Jô Soares. Doutor
Babaluf foi um dos personagens políticos do humorista que ficou mais
famoso.
Chamado de "capitão do riso", Agildo começou como ator no rádio, mas
seu reconhecimento veio com os trabalhos cômicos na televisão. "Virou
hábito: eu abro a boca e todo mundo ri. Eu nasci para ser artista",
declarou o ator em uma entrevista.
Seu passaporte para a televisão foi em 1957, com o personagem João
Grilo, protagonista da peça "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna.
Também atuou na companhia do ratinho Topo Gigio, personagem de um
programa infantil de sucesso na TV no início da década de 1970.
Participou da inauguração da TV Globo, onde trabalhou na adaptação para
as telas do humorístico "Balança, mas não cai", dirigido por Lúcio
Mauro.
Em "Planeta dos homens" (1976), deu vida ao personagem Aquiles
Arquelau, um professor de mitologia apaixonado pela atriz Bruna Lombardi
e que chamava o mordomo de "múmia paralítica". Agildo também participou
da "Escolinha do Professor Raimundo" (1999) e do "Zorra Total" (1999).
Em 1982, o humorista teve seu próprio programa: "Estúdio A... Gildo".
Uma das últimas aparições do ator na televisão foi em um episódio
especial de "Tá no Ar: a TV na TV", da Rede Globo, que homenageou
grandes nomes do humor.
No cinema, Agildo atuou em mais de 30 filmes. "Casa da Mãe Joana"
(2008) e "O homem do ano" (2003) foram os trabalhos mais recentes dele
na tela grande.
Vocação desde pequeno
Na infância, Agildinho, como era conhecido, se inspirava na realidade
para fazer graça. As imitações que ele fazia dos professores eram um
sucesso entre os colegas de escola.
"Eu sou muito observador, tenho um ouvido incrível. Tenho mania de imitar os outros, e a imitação é o caminho inicial para fazer um tipo", dizia Agildo.
Em março de 2018, o ator foi homenageado no Prêmio do Humor, evento idealizado e apresentado por Fábio Porchat.
Em 2012, Agildo Ribeiro descobriu que tinha um filho, na época, com 47
anos. Marcelo Galvão é de uma relação de Agildo em 1965. Em um encontro com o rapaz durante o programa "Fantástico", em 2013, o ator descobriu também que era avô de uma menina.
O humorista foi casado cinco vezes. Entre as esposas, estão as atrizes
Marília Pera e Consuelo Leandro. Seu último casamento foi com a atriz e
bailarina Didi Barata Ribeiro. Os dois ficaram juntos por 35 anos. Didi
morreu em 2009.
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